Se partirmos do Largo das Portas do Sol subindo as “escadinhas” do Beco do Maldonado chegamos a um pequeno portão que nos deixa na dúvida sobre se o podemos transpor ou não, se estamos a entrar num palácio abandonado ou se “isto” que aqui está e afinal Rua, espaço público que, afinal, também é nosso. Quando por fim decidimos entrar o sentimento geral é de curiosidade e espanto: “Como é que um sítio como estes é deixado assim?”, saltam então sugestões de programas para reabilitar o local.
Para sairmos do largo temos de atravessar o Palácio Belmonte pela galeria que nos deixa no pátio de entrada do mesmo.
Porquê este local?
Penso que a sua localização e as imagens são razões suficientes porque a magia deste “cantinho” está na sua vivência no tempo que lá se perde.
Há uma ideia pré-concebida de que o espaço público para ser usado tem obrigatoriamente de ser alvo de algum tipo de restruturação ou intervenção no sentido de cria melhores condições de segurança. Nem toda a gente teve a oportunidade de brincar no baldio do bairro, ou no pedaço de parque que ficou debaixo do viaduto que se construiu, mas as memórias que tenho destes espaços é de mistério de aventura. Por outro lado sem um mínimo de “atenção” estes espaços transformam-se em urinóis e pequenas lixeiras.
Para estes espaços urbanos com potencial para qualquer coisa que não se sabe bem o quê, proponho uma abordagem de três fases.
O primeiro passo é passa por uma requalificação geral de baixo custo mas que permita ao mesmo tempo o uso completamente livre das qualidades que o espaço apresenta mas de certa forma controlado para que não haja apropriações de interesse singular. Este upgrade passa pela instalação de iluminação, colocação de simples mobiliário urbano como bancos e caixotes de lixo, rearranjo do pavimento e dos muros paredes ou telhados, colocação de vegetação, etc…
Depois de se chegar a uma conclusão acerca do tipo de utilização mais apropriado para o espaço e dependendo do programa a obra poderá, ou não, ser adjudicada a uma entidade privada que terá de cumprir certas normas que permitam a livre utilização por todos.
Num cenário pessimista, ou não a terceira fase não existirá obrigatoriamente, caso se chegue à conclusão que a melhor utilização do local é mesmo como um baldio ou uma ruina.
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